segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Analogia do coelho com a vida cotidiana medíocre




“Vamos resumir: um coelho branco é tirado de dentro de uma cartola. E porque se trata de um coelho muito grande, este truque leva bilhões de anos para acontecer. Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pêlos do coelho. Por isso elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem. Mas conforme vão envelhecendo, elas vão se arrastando cada vez mais para o interior da pelagem do coelho. E ficam por lá. Lá embaixo é tão confortável que elas não ousam mais subir até a ponta dos finos pêlos, lá em cima. Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência. Alguns deles não chegam a concluí-la, mas outros se agarram com força aos pêlos do coelho e berram para as pessoas que estão lá embaixo, no conforto da pelagem, enchendo a barriga de comida e bebida:— Senhoras e senhores — gritam eles —, estamos flutuando no espaço!Mas nenhuma das pessoas lá de baixo se interessa pela gritaria dos filósofos.— Deus do céu! Que caras mais barulhentos! — elas dizem.E continuam a conversar: será que você poderia me passar a manteiga? Qual a cotação das ações hoje? Qual o preço do tomate? Você ouviu dizer que a Lady Di está grávida de novo?(…)Por diferentes motivos, a maioria das pessoas são tão absorvidas pelo cotidiano que a admiração pela vida acaba sendo completamente reprimida. (Elas se alojam bem no fundo do pêlo do coelho, fazem um ninho bem confortável e ficam lá embaixo pelo resto de suas vidas )”.(Trechos retirados do livro: O Mundo de Sofia de Jostein Gaarden)E o que é que nos torna tão colados a base do pêlo do coelho?Será que somos realmente incapazes de saber admirar o mundo com outros olhos? Estamos tão acostumados com a vidinha cotidiana medíocre que esquecemos o quão é necessário fazer uma reflexão acerca do mundo. O poder de admiração que adquirimos quando crianças, viventes na ponta do pêlo do coelho, ainda iniciantes dessa jornada que é a vida, vai se ofuscando e desaparecendo na medida em que envelhecemos e nos aderimos ao mundo como apenas corpos maciços que se fixam a terra. Ficamos ali, vazios, sem se quer questionar o que é necessário para preencher-se.E é ai que vem o perigo: a falsa felicidade, o falso prazer, a falsa vida.Com estes, tentamos nos preencher, passamos a viver em função de outras pessoas,viver vidas que não são as nossas (ai vem o papel da mídia, do pay-per-view, do conhecimento vazio e em vão... – o fato é que todos nós estamos sujeitos a eles).Sintetizando: o perigo é chamado de alienação. Ela é tão gostosa de se curtir, a sua comodidade e sua prática hipnotiza a qualquer um e quando se menos espera, você está junto a mais um exército de pessoas, em completa sincronia, gritando, exclamando: "CASA, TRABALHO, CASA, NOVELA, REALYT SHOW, DORMIR, CASA, TRABALHO...”É uma verdadeira bosta.http://vagalume.uol.com.br/chico-buarque/construcao.html - Essa música diz tudo. O cara morre, ATRAPALHANDO o trânsito. Entendeu?Absurdos.
ALERTEM-SE, se "inacostumem" com o mundo.
"e há tempos são os jovens que adoecem" (Renato Russo)

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