quinta-feira, 17 de junho de 2010

Quase fim II


Após uma madrugada exaustiva, em que segredos foram construídos, risos foram incontidos, canções rasgaram as cordas vocais e promoveram uma boa rouquidão... Debruçada sobre a areia, entre batucadas que animavam a noite, havia esquecido da vida, do que era viver, pensando, erroneamente, que esse era um verbo intransitivo, o qual não pedia complemento algum. Alguns beijos ali, outros aqui. Abraços apertados. Observava de longe e ria do comportamento alheio que havia sido deturpado devido ao etanol. Ria muito! Daquelas gargalhadas orgasmáticas que ecoavam dentro de si.

E era, novamente, a aurora que consumia tudo. Quando a noite passara e o sol iniciou a rasgar violentamente as nuvens – parecendo que já previa. No veículo relembravam os momentos mais marcantes, ao mesmo tempo em que elaboravam as novas piadas internas. Um silêncio tomou de conta. Sentiram que algo perdia a estabilidade, não se sabia o quê. Jogados a um lado, depois jogados a outro. O som dos pneus tentando frear. Em seguida tudo rotacionava, não se sabia ao certo o que estava acontecendo, mas tinha certeza de um fim bem próximo. Um grito inesperado. O ciclo parecia não ter mais fim. As costas ardiam, sentiu um enorme peso na cabeça e na consciência. Dores forte. Fragmentos de vidros voaram por entre os rostos.

Quando tudo parou, não sabia ao certo o que tinha acontecido, apenas, instintivamente arrastava-se e saia do veículo. Em desespero observou ao redor e chorou descontroladamente.

– Tira ela daaí, tira ela daaí!

Tentou surtar, mas o outro impediu. Quando voltou à realidade, respirou e expirou aliviada. Estavam ali, os cinco de pé, maltratados, porém vivos. Vivos! Abraçou-os intensamente e em seguida pôs-se de joelhos e agradeceu a Deus como nunca o tinha feito antes.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Sei bem o q tu passaste...
    A descriçao esta perfeita...quase uma "Jose de Alencar"...kkkkkkkkkk
    Estiquei, neh?!

    ResponderExcluir
  3. Só quem passa por isso, sabe exatamente a dor e a gratidão de ter sobrevivido.
    As pessoas, eu, você não sabemos muito o que falar, porém nada melhor saber que tudo passou e que estão bem, Deus segurou a mão de cada um na hr. certa, e eu como amiga só posso agradecer por isso.
    O texto é emocionante, ao ler vi milhões de cenas voltarem inesperadamente e o que resumo é que como diria o poeta "tudo vale a pena se a alma não for pequena"

    Bjos e obrigada por continuar conosco.

    ResponderExcluir
  4. Falou tudo Bruninha! Obrigadaa linda =]

    ResponderExcluir